Boulos apresentou PL "Veio da Havan" para punir empresários que ele denomina "golpistas"
- Nathy Souza
- 5 de fev.
- 3 min de leitura
Atualizado: 10 de fev.
Boulos diz que o objetivo é “reconhecer o simbolismo que Luciano Hang teve nas eleições presidenciais de 2022

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), em mais uma ação polêmica de sua carreira, apresentou nesta terça-feira, 4 de fevereiro, um projeto de lei (PL) que visa punir empresas envolvidas em "tentativas de golpe de Estado". O projeto faz alusão direta ao empresário Luciano Hang, presidente da Havan, e tem como base as invasões de 8 de janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes, um episódio que Boulos e outros membros de sua legenda associam a movimentos “golpistas” apoiados por setores empresariais.
Intitulado "Veio da Havan", o nome do PL não deixa dúvidas quanto ao alvo do projeto, que segundo Boulos, é uma resposta ao que ele considera um "golpe bolsonarista" e uma forma de “proteger a democracia” de ameaças internas. A proposta prevê que empresas que financiem ou incentivem ações contra a ordem democrática sejam impedidas de participar de licitações ou firmar contratos com o governo por um período de até 20 anos.
Boulos, conhecido por suas críticas ao governo de Jair Bolsonaro e aos empresários que se opuseram à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, argumenta que a medida é necessária para afastar empresas que, segundo ele, se envolveram em práticas antidemocráticas. O projeto tem como foco um suposto encontro entre empresários, incluindo Hang, para discutir ações contra a posse de Lula, uma reunião que nunca foi comprovada, mas que se tornou um alvo da narrativa política de esquerda.
Luciano Hang, o principal citado pelo projeto, rapidamente reagiu às acusações, negando qualquer envolvimento com ações contra a democracia e classificando o projeto de Boulos como "absurdo e totalmente descabido.
Em nota divulgada na manhã desta quarta-feira, 5, Luciano Hang rebateu Boulos e ‘dedicou’ uma frase ao político: “acuse-os do que você faz, chame-os do que você é”.
Confira a nota completa:
“A proposta apresentada pelo deputado Guilherme Boulos, intitulada “Véio da Havan”, é um absurdo e totalmente descabida, porque vem carregada de falsas e graves acusações. Jamais atentei contra o Estado Democrático de Direito, e fica evidente que essa iniciativa não passa de uma tentativa de “jogar para a torcida”.
A população enxerga a integridade das pessoas, e o próprio histórico do deputado demonstra isso — afinal, não foi eleito prefeito de São Paulo. Me causa espanto que alguém com essa mentalidade ocupe um cargo de deputado federal.
Fico tranquilo porque nunca participei, nem jamais participarei, de licitação pública. O Véio da Havan também tem o direito e a liberdade de expressar suas opiniões, o que parece incomodar quem, como Boulos, está acostumado a pensar mal dos outros. No fim das contas, as pessoas projetam nos outros aquilo que carregam dentro de si.
As acusações feitas contra o Véio da Havan são completamente infundadas. Não é a primeira vez que Boulos tenta destruir reputações apenas porque alguém não compartilha de sua visão política. Esse tipo de ataque revela muito mais sobre quem o faz do que sobre quem o recebe.
Perdendo espaço desde a derrota nas eleições de São Paulo, o deputado parece buscar holofotes usando meu nome para se promover. Mas, diferentemente dele, nunca entrei na política em benefício próprio e nunca precisei de licitação pública.
Sigo firme em meus valores e princípios, sem ceder a ataques oportunistas e desonestos”.
O projeto do PSOL, mais uma vez, levanta questões sobre os limites do poder legislativo em punir iniciativas privadas com base em acusações sem provas. A proposta não apenas ignora a presunção de inocência, como também abre um precedente perigoso para a perseguição ideológica de empresários e cidadãos que, ao exercerem sua liberdade de expressão e de apoio político, são rotulados de "golpistas" sem qualquer julgamento justo.
Se a democracia e a liberdade de expressão são pilares fundamentais da nossa República, como pode ser aceitável um projeto que visa silenciar vozes dissonantes e punir aqueles que ousam discordar da narrativa oficial?
O nome do PL, "Veio da Havan", é mais do que uma alusão ao empresário Luciano Hang: é um sinal claro de que o projeto visa, na prática, a criminalização de qualquer um que se oponha ao governo de turno, seja no campo político ou no empresarial. O que está em jogo não é apenas a liberdade de empreender, mas a própria liberdade de opinião.
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